Há alguns bons anos, nos cinemas exibiam filmes sem
cores. O xerife corria veloz em seu cavalo atrás do bandido... e a plateia
vibrava, torcendo pela lei.
Em algumas películas, se constatava o inesperado, o
imperdoável, o decepcionante... o chefe da quadrilha era o próprio xerife.
Quanta vergonha...! Um senhor de porte ereto, voz suave, olhar justiceiro, de
repente, nos traía. A plateia chegava a balançar negativamente o pescoço.
- 'Não é possível...!” – ouvia-se de alguém incrédulo.
Roubo a banco, assalto à diligência, crimes covardes,
todos eram exemplarmente castigados. E o mais incrível, furtar cavalo levava o
larápio à forca... e a plateia, mesmo vendo um corpo pendurado numa árvore,
saía da sala revigorada, pois, realmente, o crime não compensava.
Mas com a “evolução” a ficção foi perdendo terreno
para a realidade e todo o esquema, que funcionava maravilhosamente bem, aos poucos, foi
sendo desmontado. Vieram as películas coloridas e com elas, o
bandido passou a ser o protagonista principal... e a plateia, sem sentir,
torcia para que ele se desse bem na história, e no final, além de carregar todo
o resultado do roubo, fugia com uma bela mocinha e vivia feliz para sempre em
outras terras...
Com essa transformação psíquica, os maus exemplos
foram se multiplicando, saíram das telas... extrapolaram a ficção... e todos
sabem o que acontece, rotineiramente, nos dias de hoje.
Creio que chegou a hora de voltarmos ao
passado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Para dar ampla liberdade a quem deseja expressar sua opinião, os comentários não serão publicados.